Mudança no padrão construtivo das olarias de Maragogipinho (Isabel Aquino e Silva; Ely Estrela)

Resumo

Maragogipinho é uma comunidade que tem como característica a produção de cerâmica (decorativa/religiosa/utilitária) artesanal do Recôncavo Baiano, situada às margens do rio Jaguaripe, próxima a um manguezal. As peças de cerâmica são produzidas em espaços denominados olarias. As olarias são galpões erguidos em estrutura de madeira com “paredes”de palha de piaçava (Attalea Funífera), que facilita a iluminação e a circulação de ar, importante para o processo de secagem da argila. O padrão tradicional da construção e distribuição das olarias em Maragogipinho assemelha-se ao das ocas indígenas: distribuem-se em círculo em torno da Igreja Matriz. Na olaria o oleiro produz e comercializa a sua produção em negociações diretas com os consumidores. O que vem acontecendo nos últimos anos é o surgimento dos “atravessadores” locais, que edificam estabelecimentos comerciais para competir com as olarias. A atuação dos negociantes e atravessadores impôs a construção de uma loja (estrutura física), dentro dos atuais padrões comerciais. A construção de estruturas imóveis, ou seja, fixas, construídas com concreto armado, impõem novo valor ao espaço físico e, devido à proximidade da beira do rio e do mangue, ocasiona desequilíbrios ao ecossistema local, além dos desequilíbrios econômicos. O objetivo deste trabalho é avaliar até que ponto a suposta melhoria do padrão construtivo pode significar a desvalorização do patrimônio cultural dos oleiros de Maragogipinho e provocar a subvalorização do trabalho do artesão produtor, beneficiando ou nos negociantes.

Palavras Chave: cerâmica, padrão construtivo, oleiros, atravessadores, patrimônio histórico e cultural.