Resumo
A segregação sócio-espacial se constituiu como uma característica marcante das cidades contemporâneas, pois seu espaço é um reflexo da sociedade, estruturada em classes sociais e grupos culturais, ficando à cidade organizada em áreas residenciais segregadas. A cidade de Salvador evidencia uma característica marcante neste contexto, apresentando, também, uma dimensão de segregação racial de boa parte da sua população negra nos bairros pobres; bairros estes que sofrem da carência e ausência de infraestrutura urbana, de serviços e equipamentos públicos, em contraposição à população que habita os bairros de classe média e alta que, não por acaso, em sua grande maioria, é branca e detentora de bens econômicos e sociais.
Este estudo tem por objetivo demonstrar que o espaço urbano da cidade de Salvador-Bahia, apresenta-se de forma desigual, tendo o poder público um papel fundamental na sedimentação desta desigualdade, em função de não existir uma política publica voltada para atender os bairros mais carentes de infraestrutura urbana, bairros estes ocupados majoritariamente pela população pobre e negra da cidade.
Procuraremos desenvolver o estudo utilizando a terminologia Casa-Grande e Senzala, como um símbolo para a análise da contradição existente no espaço urbano da cidade de Salvador. Contradição esta cada vez mais presente em função do privilegio de atuação por parte do poder publico, que deixa claramente presente na paisagem a sua preferência no atendimento a certas faixas da sociedade. Esta preferência e ao mesmo tempo ausência do poder público no atendimento a população, nos remete a pensar e a refletir sobre o porquê das disparidades na atuação do poder público no oferecimento, na organização e no provimento de infraestrutura urbana para os habitantes da cidade
Palavras-chave: Espaço Urbano; Segregação Racial; Segregação Sócio-espacial; Planejamento Urbano; Desigualdade Social.